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COMO VIVEREMOS EM 2020, SEGUNDO DOMENICO DE MASI

por | maio 12, 2016

Acostumado a viajar pelo Brasil, o sociólogo italiano Domenico de Masi prepara um novo livro, para ser lançado em 2013, em que o País ganhará um capítulo especial. Seu próximo trabalho, que será concluído em dezembro, discute modelos socioeconômicos que se impuseram ao mundo. Em passagem por São Paulo, o autor de “O Ócio Criativo” disse que o Brasil viveu sob o modelo europeu por cerca de 450 anos e depois adotou o “american way of life”. Agora, segundo Masi, seria a hora de o País estabelecer um modelo próprio, que poderia ser copiado pelo mundo.

O sociólogo comentou que este é um momento mágico para o Brasil, dizendo que o País é dono de seu destino. “Está acontecendo aqui o que ocorreu com a França no período do Iluminismo”. Por sermos uma nação democrática (caso oposto ao da China), em crescimento, por vivermos em paz (o que não se pode dizer da Índia, com seus conflitos étnico-religiosos) e porque a população é acolhedora, o modo de vida do brasileiro poderia se tornar um “produto exportação”.

Como forma de contribuir para o desenvolvimento desse modelo, Masi organiza um evento em março do ano que vem com pensadores brasileiros e italianos em Paraty (RJ). E planeja já ter disponível para a ocasião o livro que está finalizando – e que ainda não está com título definitivo. Além disso, ele montou um focus group primeiro na China e depois com especialistas brasileiros para apontar tendências para 2020. Com eles, montou dez itens que podem orientar debates para o planejamento de uma sociedade mais desenvolvida e equilibrada no futuro:

1 – Longevidade – viveremos mais tempo. Isso está claro para a ciência. Em 2020, o planeta terá um bilhão a mais de bocas – e um bilhão a mais de cérebros. Viveremos até 730 mil horas (Masi calcula em horas nosso tempo de vida), um aumento em relação às atuais 700 mil horas. Viverá mais quem tiver relações sociais mais intensas (sem falar dos que têm grau de escolaridade maior). E haverá um bilhão de obesos. “Com um bilhão a mais de cérebros, teremos um mundo mais criativo”, disse Masi, preferindo destacar esse lado.

2. Tecnologia – sem dúvida, o mundo terá dado passos gigantes nessa área. Em 2020, um chip custará menos de US$ 20. A engenharia genética terá evoluído muito e a robótica avançará a ponto de criar robôs dotados de informações afetivas. O patrimônio de músicas, filmes e livros estará mais disponível para devices e a próxima questão será como “transferi-lo” para o cérebro.

3. Economia – o PIB per capita no mundo será de US$ 15 mil, contra os atuais US$ 8 mil. O poder de compra do Ocidente será 15% menor em relação ao que é hoje. Em paralelo aos Brics, emergirão os Civets (Colômbia, Indonésia, Vietnã, Egito, Turquia e África do Sul).

4. Trabalho – a parte central do mercado estará no trabalho criativo. Esses profissionais serão os que terão mais garantias e melhor retribuição. Os funcionários executivos, por outro lado, terão menos garantias em comparação ao cenário atual. Haverá uma significativa massa de jovens sem trabalho na Europa e nos Estados Unidos. Hoje, na Itália, 30% dos jovens que terminam seus estudos não encontram trabalho por dois ou três anos. “Não é mais suficiente redistribuir a riqueza. É preciso redistribuir o trabalho, o saber, as oportunidades”.

5. Virtualidade – a “nuvem informática” terá transformado o mundo em uma única praça. A privacidade sofrerá uma mudança radical, tendendo a desaparecer. Será cada vez mais difícil esquecer, isolar-se, perder-se. Medicamentos poderão inibir os sentimentos. O risco disso é as pessoas não manifestarem sensações ou simular sentimentos.

6. Lazer – em 2020, um jovem de 20 anos terá 555 mil horas de vida pela frente. E 265 mil horas de tempo livre. A questão é como ocupá-las. Masi retomou o tema de “O Ócio Criativo”, que não se trata de preguiça, mas da combinação entre trabalhar (produzir riqueza), estudar (produzir saber) e divertir-se (produzir bem-estar). “O trabalho intelectual permite o ócio criativo”.

7. Androgenia – daqui a oito anos, as mulheres atingirão condições de conferir mais três anos de vida em comparação aos homens. Elas estarão no centro do sistema social e irão gerenciar o poder. No estilo de vida, vão predominar valores femininos: estética, subjetividade, emotividade e flexibilidade. “O homem é ‘onetasking’. A mulher é “multitasking”. Ele se tornou mais obtuso pelo excesso de tempo que passa no escritório. A mulher se divide por mais tarefas”.

8. Ética – em 2020, o mundo será mais rico, porém continuará desigual na distribuição dessa riqueza. A visibilidade dessas desigualdades alimentará movimentos e conflitos. “Se quisermos ter sucesso, teremos de nos comportar como cavalheiros”.

9. Estética – ela se tornará um dos fatores competitivos. Quem se dedicar às atividades estéticas será mais gratificado do que aqueles que se dedicarem às atividades práticas. “O Brasil tem vantagem nesse campo. Pode ser um ponto de vanguarda. O trabalho de Niemeyer mostra isso”.

10. Cultura – o caráter global irá superar a identidade local. Contudo, todos tenderão a buscar meios de se diversificar do outro. A produção cultural se dará de muitos para muitos (diferente do que ocorria no Iluminismo). A expressão da criatividade terá caráter mais coletivo. (Lena Castellón | Meio & Mensagem)

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